segunda-feira, 25 de julho de 2011

19 DE JULHO DE 2011 – 32 ANOS DA REVOLUÇÃO POPULAR SANDINISTA


(Maurício Tomasoni)

            Companheiros, camaradas, amigos,


             Expresso nas linhas abaixo a minha opinião pessoal. Penso que deveríamos comemorar esta data com atividades mais fortes, mas na falta de tais, não pude deixar ela passar em branco.
             Há 32 anos, num 19 de julho destes, no ano de 1979, triunfava na Nicarágua, sob a direção da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), a Revolução Popular Sandinista. Verdadeira epopéia do povo nicaragüense, que 47 anos após o assassinato de Augusto César Sandino, General de Homens Livres, crava em território continental de Nossa América a bandeira da soberania, da autodeterminação e da justiça social.
             Triunfava neste dia a FSLN, cujo comandante em chefe Carlos Fonseca Amador, havia sido preso e assassinado pela Guarda Nacional nicaraguense em 1976. Muitas páginas gloriosas escreveu a FSLN desde sua fundação no ano de 1962, passando pela trajetória de combates no campo militar e político, até a tomada do poder em 1979. Também o período posterior de enfrentamento contra a reação capitaneada por Washington desde Honduras. Passaram dias nebulosos com a derrota eleitoral de 1990 e os conseqüentes revezes nas eleições posteriores até o ano de 2006, quando a FSLN ganha o pleito e retorna ao governo.
             Ocorreram profundas mudanças com a queda da União Soviética e do campo socialista do Leste Europeu, tanto a nível político quanto ideológico. Estas mudanças influenciaram todos os processos políticos revolucionários, inclusive no Brasil. Perdíamos um referencial e apoiador das lutas anti-imperialistas e de libertação nacional. Isso influenciou, também, o processo nicaragüense.
             Com a vitória eleitoral da FSLN, Daniel Ortega Saavedra, primeiro presidente eleito da Nicarágua pós-ditadura somozista nas eleições de 1984, retoma o mando nacional. Neste ano de 2011, em novembro ocorrerão novas eleições nas quais a FSLN já aprovou em seu congresso a candidatura de Daniel para um novo mandato.
             Ao lado de processos revolucionários tão intrincados, complicados, semelhantes e dessemelhantes entre si como os de El Salvador, Guatemala, Peru e Colômbia, o da Nicarágua guarda algumas peculiaridades. Era Nicarágua na época do triunfo revolucionário a economia mais débil da América Central, com relações econômico-sociais atrasadas. Não havia uma indústria nacional, pois era interesse do imperialismo manter seu domínio através da mais profunda dependência. Era Nicarágua dominada por uma banda contra-revolucionária de 14 famílias. Havia sido invadida por duas vezes pelos “marines” norte-americanos. Era Nicarágua governada pela ditadura de Anastácio Somoza Debayle e sua Guarda Nacional, uma polícia política e militarizada que havia assassinado a Sandino e milhares de nicaragüenses num dos regimes mais cruentos que já passaram pelas nossas terras latino-americanas, perdendo em níveis de repressão e assassinatos somente às ditaduras militares e as militares de fachada civil salvadorenha e guatemalteca. Esta polícia era treinada e assessorada pelos pela CIA e pelo Pentágono. Somoza era o fiel guardião dos interesses “yankees”.
             Com a FSLN no poder, em 1979, um partido com um imenso apoio popular e com uma grande solidariedade internacional, o imperialismo norte-americano através da CIA (Agência Central de Inteligência) e do Departamento de Estado dos EUA, tratou de modificar sua tática. Passou, a partir do território hondurenho, a treinar e organizar mercenários vende-pátrias de várias nacionalidades e ex-guardas nacionais que haviam fugido da Nicarágua. Criaram-se uma série de agrupamentos contra-revolucionários, cada qual com seus interesses difusos tentando restabelecer a ordem somozista. Os EUA tentavam buscar articular estes grupos ou mesmo para que eles fizessem operações conjuntas. Genericamente ficaram conhecidos como “contras”. Estes agrupamentos, juntamente com operativos norte-americanos causaram enormes danos à economia e a infra-estrutura do país, além de baixas na população civil. A movimentação da “contra” baseava-se justamente numa tática em que mesclava intimidação da população civil através de massacres seletivos, semeando o terror, assassinato de lideranças sandinistas, danificação da infra-estrutura nacional e da economia.
             A FSLN resistiu por 10 anos a uma política extremamente agressiva financiada e dirigida a partir de Washington, graças às fileiras da Frente, ao povo nicaragüense e à solidariedade internacional vinda de todos os continentes. Gozava a Frente de um prestígio muito grande. Mas há que se registrar, também, por sua importância central, o apoio econômico e militar da União Soviética, dos países socialistas do leste europeu e de outros países socialistas. Este apoio foi decisivo para a Nicarágua se manter econômica e militarmente. Todo este tempo em guerra causou cicatrizes imensas.
             Em 1990 ocorrem as eleições, as quais são vencidas por Violeta Chamorro da UNO (Unión Nacional Opositora). Foi um duro revés para a FSLN. Fundamentalmente podem se apontar várias razões para esta derrota eleitoral, contudo não se pode simplificar tais razões. As simplificações aparentemente explicam. Por isso, às vezes as explicações “fáceis” servem para consolar os dogmáticos e simplificadores. Alguns passaram a apedrejar a FSLN como única responsável pela derrota eleitoral, “esqueceram” que o inimigo era a potência militar mais poderosa do planeta. Uma série de razões pode ser elencada, mas a derrota eleitoral foi fruto de quase três décadas de guerra popular e de agressão imperialista. Um país agredido e com sua economia devastada. Os EUA apoiaram a candidata Violeta, a qual tinha como lema: “comigo a paz, com os sandinistas a guerra”. Os EUA fizeram declarações nas quais diziam que com Violeta seria cessado o apoio à contra e não mais haveria agressão à população civil.
             Até 2007, quando foi eleito Daniel Ortega, a FSLN persistiu na oposição a seguidos governos neoliberais que buscavam destruir as conquistas da Revolução Sandinista. Em todo este período, como é normal em qualquer organização política, houve dissidências, problemas internos, conflitos, desvios político-ideológicos de alguns militantes, etc.
             Há que se registrar que nenhum processo revolucionário é cópia de outro. Cada um tem suas particularidades diferenciadas. Há que se registrar, também, que não há uma fórmula única para todos os processos. Por isso, há que se entender o processo nicaragüense dentro de um contexto histórico, econômico, político e social.
             A importância da revolução sandinista para todas as gerações de revolucionários e lutadores pela libertação nacional pode ser expressada por vários aspectos. Em primeiro lugar pela ampla participação popular da sociedade nicaragüense nas milícias populares, nas fileiras da FSLN, nas entidades estudantis, de operários e camponeses, no EPS (Exército Popular Sandinista). A FSLN se constituiu na vanguarda política e militar profundamente enraizada no seio do povo nicaragüense, conquistou a confiança das massas, pois defendia efetivamente seus direitos históricos, além de promover a autodefesa do povo contra os massacres da Guarda Nacional somozista. Em segundo lugar, a revolução sandinista guarda outra particularidade, o importante papel jogado pelo movimento estudantil, e, a grande participação das mulheres. Também podemos destacar outro aspecto importante que é o caráter amplo nas relações políticas da revolução e sua solidariedade aos movimentos revolucionários de El Salvador e Guatemala.
             Cremos que precisamos aprofundar nossas relações para conhecer mais a fundo o processo nicaragüense, principalmente a partir do período posterior à derrota eleitoral de 1990 até os dias de hoje. Há algumas avaliações extremamente superficiais, e algumas, inclusive, se baseiam em mentiras disseminadas pela grande mídia.
             Rendemos aqui uma especial homenagem aos heróicos combatentes sandinistas caídos em combate ou assassinados pela ditadura somozista, entre tantos, citamos Carlos Fonseca Amador, Leonel Rugama, Júlio Buitrago, Camilo Ortega Saavedra, Arlen Siu, José Benito Escobar, René Tejada Gómez, Faustino Ruiz, Rigoberto Lopez Perez, German Pomares Ordoñez, Jorge Navarro.
             Aproveitamos, também, para expressar nossa confiança no presidente da república, companheiro Daniel Ortega Saavedra, e, torcemos para que nas eleições de novembro o povo nicaragüense continue aprofundando esta sua obra: a Revolução Popular Sandinista. Também, nossa confiança na FSLN.

           
VIVA SANDINO!
VIVA DANIEL ORTEGA!
VIVA A FSLN!
VIVA A REVOLUÇÃO POPULAR SANDINISTA!

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